Em diversas culturas e tradições, a escolha do nome de uma criança representa uma forma de honrar as riquezas e os valores ancestrais transmitidos por gerações. Na tradição yorubá, nigeriana, o nome de uma criança é dado após o seu nascimento.
De acordo com as orientações religiosas, a consulta oracular, feita pelo opelé de ifá, é realizada no oitavo dia após o nascimento se for menino, e nono dia após o nascimento se for menina. O nome dado a criança representa o seu proposito no aiyé, plano terreno, e familiar.
Nas tradições africanas os nomes não são “dados” ou “escolhidos “aleatoriamente. Cada nome carrega o axé, força vital, e a identidade do novo integrante da comunidade.
No Brasil a realidade é bem diferente. O racismo, o preconceito e a intolerância vem se tornando um grande empecilhos para que crianças possam ser registradas com nomes de origens africanas.
É importante pontuar que se nos países africanos o ato de dar nomes tradicionais às crianças faz parte das tradições ancestrais. No Brasil registrar uma criança com nome de origem africana vem, a cada vez mais, se tornando um ato politico e decolonial.
Particularmente, vive uma situação similar quando fui registrar a minha filha mais nova. Segundo o responsável do cartório, o nome escolhido poderia causar constrangimento a criança no futuro. Para ter o nome registrado, tivemos que comprovar a origem do nome e nos responsabilizar por quais quer possíveis situações.
É visível que o desconhecimento, o racismo e intolerância religiosa permeiam em casos como esses. A todo momento, crianças são registradas com nomes de origens cristãs, norte-americanas e europeias sem nenhum questionamento ou tentativa de intimidação.