Por Cleber Lourenço
O nome de Jorge Messias, advogado-geral da União e favorito de Luiz Inácio Lula da Silva para a vaga de Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal, estava pronto para ser anunciado. O roteiro, porém, foi alterado com o agravamento da crise de segurança pública no Rio de Janeiro e o foco do governo na COP-30, em Belém. A decisão no Planalto foi adiar a nomeação para evitar que o gesto político se misture à turbulência.
A megaoperação policial que deixou mais de cem mortos nas favelas do Alemão e da Penha empurrou a indicação para segundo plano. No governo, a avaliação é que um movimento institucional desse peso, no meio da crise, pareceria desconectado do país. “Não é hora de gerar mais ruído”, resume um assessor do Palácio do Planalto.
Articulação nos bastidores
Enquanto Lula administra o calendário, Messias faz sua parte. Sob orientação de Jaques Wagner, líder do governo no Senado, o advogado-geral intensificou as conversas com senadores do PT, MDB e União Brasil, além de buscar apoio junto ao grupo de Davi Alcolumbre (União-AP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que será responsável pela sabatina.
Wagner, fiador político da escolha, tratou de reforçar o tom institucional. Em entrevista ao jornal O Globo, afirmou:
“Essa é uma prerrogativa constitucional. A menos que haja algo desabonador, o papel do Senado é fazer a sabatina, verificar se a pessoa tem o conhecimento necessário. Não dá para nomear um maluco. Mas, fora isso, acho que o papel do Senado é aprovar. Foi assim com o André Mendonça, com o Kassio (Nunes Marques), com o (Cristiano) Zanin e com o Flávio Dino.”
A expectativa é que, passada a COP-30 e controlada a tensão no Rio, Lula retome o movimento e anuncie oficialmente o nome de Messias — um gesto que deve consolidar sua influência sobre a Corte e marcar uma nova fase de alinhamento entre o Planalto e o Supremo.