Casa EconomiaCrise do metanol derruba vendas e ameaça setor de bares e restaurantes em SP

Crise do metanol derruba vendas e ameaça setor de bares e restaurantes em SP

por Adriana Cardoso
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Bares e restaurantes em todo o estado de São Paulo enfrentam queda significativa no faturamento após o surgimento de uma crise sanitária envolvendo a adulteração de bebidas com metanol. A Fhoresp (Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo) estima que, em alguns estabelecimentos, as perdas com a venda de destilados como vodca, uísque e gim chegaram a 50% apenas na última semana.

A retração no consumo ocorre em meio à escalada de casos de intoxicação por metanol. O Ministério da Saúde anunciou na noite de segunda-feira (6) ter recebido 217 notificações de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica. Desse total, 17 casos foram confirmados e 200 estão em investigação.

São Paulo concentra a maioria dos casos: 82,49% das notificações, com 15 casos confirmados e 164 em investigação. Além de São Paulo, o Paraná teve dois casos confirmados e quatro estão em investigação.

Há outras investigações em 12 estados: Acre (1), Ceará (3), Espírito Santo (1), Goiás (3), Minas Gerais (1), Mato Grosso do Sul (5), Paraíba (1), Pernambuco (10), Piauí (3), Rio de Janeiro (1), Rondônia (1) e Rio Grande do Sul (2).

Em relação às mortes, duas ocorreram em São Paulo e 12 seguem em investigação (um caso no Mato Grosso do Sul, três em Pernambuco, seis em São Paulo, um na Paraíba e um no Ceará).

Impactos da crise do metanol já são visíveis em bares de SP

Em bares da capital paulista, os impactos já são visíveis. Em alguns casos, a queda nas vendas de bebidas chegam a 70%. Para a Fhoresp, o movimento de retração foi mais evidente nos fins de semana — período crítico para o faturamento do setor — à medida que os casos de intoxicação ganharam repercussão nacional.

“O setor está unido e em contato com o governo estadual para que medidas firmes sejam tomadas contra os estabelecimentos envolvidos na fraude”, declarou Enio Miranda, diretor da entidade.

Em resposta à crise, o Ministério da Saúde anunciou a distribuição emergencial de etanol farmacêutico — utilizado como antídoto no tratamento da intoxicação por metanol — e de 2.500 unidades de fomepizol ao SUS (Sistema Único de Saúde).

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recomendou que a população evite o consumo de bebidas destiladas cuja procedência não seja absolutamente segura. “Estamos falando de um produto de lazer, não de um item da cesta básica. Enquanto tudo não estiver esclarecido, o melhor é não consumir esses destilados”, afirmou em entrevista ao ICL Notícias.

No estado de São Paulo, o governo já interditou 11 estabelecimentos e apreendeu mais de 7 mil garrafas suspeitas de adulteração desde 29 de setembro. O governador Tarcísio de Freitas determinou ainda o cancelamento do registro estadual de empresas envolvidas comprovadamente na comercialização de bebidas com metanol.

Fiscalização e cursos

A crise do metanol escancarou falhas na fiscalização da cadeia de produção e distribuição de bebidas alcoólicas.

Associações representativas de bares, restaurantes, fabricantes e importadores de bebidas destiladas estão promovendo treinamentos gratuitos online para proprietários e colaboradores dos estabelecimentos, com o objetivo de fornecer orientações sobre como reconhecer bebidas falsificadas ou adulteradas.

Em outra frente, a Câmara dos Deputados aprovou na quinta-feira passada (2) a urgência para um projeto de lei que aumenta as penas para o crime de falsificação de bebidas. O texto está em tramitação na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) desde 2007, ano que foi apresentado pelo ex-deputado Otavio Leite (PSDB-RJ).

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