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Correios buscam R$ 10 bilhões em 15 dias para evitar colapso financeiro

por Adriana Cardoso
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Os Correios enfrentam uma crise financeira crítica e correm contra o tempo para levantar ao menos R$ 10 bilhões nos próximos 15 dias. O objetivo é equilibrar as contas e retomar a capacidade operacional, evitando que o cenário se deteriore ainda mais. A expectativa da direção da estatal, liderada por Emmanoel Rondon, é conseguir o montante via empréstimo com garantia da União até o fim do mês.

O valor solicitado pelos Correios corresponde à metade dos R$ 20 bilhões inicialmente previstos, mas a estatal precisou rever a estratégia diante do alto custo dos juros cobrados pelos bancos na primeira rodada de negociações. A meta agora é captar recursos com custo financeiro de até 120% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), limite considerado adequado para operações com aval da União.

O empréstimo é visto como essencial para financiar o plano de saneamento das despesas, com foco na redução da folha salarial. Os Correios pretendem lançar um PDV (Programa de Demissão Voluntária) para atingir 10 mil desligamentos, uma meta ambiciosa diante da experiência anterior, quando apenas 3,6 mil de 8 mil interessados aderiram ao programa. A redução da folha é projetada para gerar economia anual de R$ 2 bilhões.

A estatal busca ampliar o leque de bancos consultados, incluindo instituições de menor porte, para viabilizar a operação. Na primeira tentativa, a taxa de 136% do CDI oferecida por BTG Pactual, Citibank, ABC Brasil e Banco do Brasil foi considerada excessiva, mesmo com risco praticamente nulo para os bancos devido à garantia da União.

Correios acumulam prejuízo de R$ 4,3 bi

A situação financeira dos Correios se reflete diretamente na operação. A empresa registrou prejuízo acumulado de R$ 4,3 bilhões em 2025, sendo R$ 2,6 bilhões apenas no segundo trimestre — quase cinco vezes mais que o mesmo período do ano anterior. O prejuízo mensal do caixa tem girado em torno de R$ 750 milhões.

A falta de recursos tem atrasado pagamentos a fornecedores e comprometido a eficiência das entregas. Atualmente, 92% das entregas são realizadas no prazo, abaixo da meta de 95% considerada necessária para manter contratos e conquistar novos clientes, especialmente plataformas de comércio eletrônico.

Outro desafio vem de operações de crédito anteriores. Um empréstimo de R$ 1,8 bilhão com BTG Pactual, Citibank e ABC Brasil teve os juros majorados após descumprimento de cláusula sobre precatórios. Um aditivo de R$ 40,5 milhões foi assinado, com pagamento parcelado, mas os bancos podem reter valores a partir de 15 de novembro. Além disso, o descumprimento antecipou o pagamento do principal previsto para junho de 2026.

O estoque de precatórios da estatal chegou a R$ 2,051 bilhões no segundo trimestre, acima do limite contratual de R$ 900 milhões, acionando cláusulas de pagamento antecipado e agravando a pressão sobre o caixa.

Caminho para a recuperação

Diante desse cenário, a direção dos Correios busca reestruturar a empresa de forma coordenada com o TCU (Tribunal de Contas da União) e garantir a captação de recursos necessários para manter a operação.

O desafio imediato é levantar R$ 10 bilhões em 15 dias para quitar dívidas, equilibrar o caixa e permitir que o plano de reestruturação avance, enquanto evita novos atrasos em entregas e prejuízos financeiros.

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