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Copom mantém Selic em 15% ao ano e diante de ‘cenário de elevada incerteza’

por Adriana Cardoso
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Como esperado pelo mercado, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central anunciou, nesta quarta-feira (17), a decisão de manter, por unanimidade, a taxa básica de juros, a Selic, em 15,00% ao ano. O argumento para manutenção da Selic em patamar elevado é a avaliação de um cenário ainda pressionado por incertezas no ambiente internacional e por expectativas de inflação acima da meta no cenário doméstico.

Segundo comunicado divulgado após a reunião, “o ambiente externo se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos”, o que tem provocado volatilidade nos mercados e exigido “particular cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica”.

No Brasil, o Copom reconhece sinais de moderação na atividade econômica, mas aponta que o mercado de trabalho ainda mostra “dinamismo”. Apesar disso, a inflação segue acima da meta, tanto nos indicadores cheios quanto nas medidas subjacentes.

As expectativas de inflação apuradas pelo Boletim Focus permanecem elevadas: 4,8% para 2025 e 4,3% para 2026, ambas acima da meta oficial. Para o primeiro trimestre de 2027 — considerado o horizonte relevante para a política monetária — a projeção do próprio Copom é de 3,4%.

O Comitê observa que “os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, seguem mais elevados do que o usual”. Entre os fatores que podem pressionar a inflação estão a possibilidade de uma desancoragem prolongada das expectativas, a persistência da inflação de serviços e a combinação de políticas internas e externas que mantenham o câmbio depreciado.

Sobre a decisão, o comunicado diz que o comitê decidiu “manter a taxa básica de juros em 15,00% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante”.

Copom reforça necessidade de manter política monetária mais rígida

Diante desse quadro, o Copom reforça a necessidade de manter uma política monetária mais rígida. “Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, afirma o comunicado.

O Comitê também indica que poderá agir novamente caso o cenário se deteriore. “O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.”

Monitoramento da política fiscal e tensões externas

O Copom segue atento a possíveis impactos da política fiscal doméstica e às recentes movimentações externas, como a imposição de tarifas comerciais pelos Estados Unidos ao Brasil. Segundo o texto, esses elementos reforçam a “postura de cautela em cenário de maior incerteza”.

A manutenção da Selic em patamar elevado também busca contribuir para a estabilidade do nível de atividade econômica e do emprego, ainda que esse equilíbrio dependa da redução das expectativas inflacionárias ao longo do tempo.

Votaram a favor da manutenção da taxa todos os nove membros do Comitê, incluindo o presidente Gabriel Galípolo.

Selic como instrumento de contenção

O Banco Central usa a taxa Selic como principal instrumento de conenção da inflação. Quando o Copom aumenta a taxa, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito, investimentos, ao mesmo tempo que estimulam a poupança.

Os bancos consideram outros fatores além da Selic na hora de definir os juros a serem cobrados dos consumidores, entre eles risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.

De modo geral, juros mais altos dificultam a expansão da economia e também aumentam a dívida pública.

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