Por Cleber Lourenço
A votação do projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil trouxe à tona uma das maiores resistências do Centrão: a emenda da deputada Tabata Amaral (PSB-SP), destacada pelo deputado Pedro Campos (PSB-PE), que prevê a atualização anual da tabela do IR conforme a inflação medida pelo IPCA. A iniciativa, que busca impedir que a defasagem corroa o benefício em poucos anos, desencadeou forte reação nos corredores da Câmara.
Nos bastidores, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) , assumiu a linha de frente da articulação contrária. Para ele e para parte expressiva do Centrão, atrelar a tabela do IR ao IPCA significaria engessar a arrecadação e retirar do Congresso a possibilidade de negociar, a cada exercício, a correção da tabela. Nos bastidores, a avaliação é que a regra automática diminuiria o poder de barganha de líderes partidários em momentos de votação decisiva.
A pressão contra a emenda cresce na medida em que a mobilização popular aumenta. Deputados relatam temor de que a isenção perca apoio social caso o texto seja desfigurado, correndo o risco de se tornar uma nova “PEC da bandidagem”. Diante desse cenário, Arthur Lira (PP-AL) passou a atuar com intensidade redobrada, dando sinais claros de que a estratégia é blindar o relatório e impedir a aprovação de destaques que modifiquem o projeto.
Pressão de Motta trava proposta de atualização automática e Lira atua para manter texto sem mudanças
Parlamentares próximos ao comando da Casa confirmam que Lira repetiu em conversas reservadas que não aceitará mudanças. A meta é levar ao plenário o texto original e votar sem alterações, afastando emendas da oposição, do bolsonarismo ou mesmo de deputados da base que sugeriram ajustes.
O objetivo de Lira é claro: apostar no texto puro, garantindo a vitória no plenário e evitando turbulências que possam comprometer o simbolismo da proposta de isenção do IR. Já o presidente da Câmara busca encerrar a pauta rapidamente, minimizar riscos e evitar turbulências que possam comprometer o simbolismo do projeto. Para isso, a ordem é clara: não discutir a atualização automática da tabela proposta por Tabata e apostar no “texto puro” do relatório.