O ministro Celso Sabino, que é deputado federal pelo União Brasil do Pará, oficializou, nesta sexta-feira (26), o pedido demissão anunciado na semana passada. O partido havia dado prazo de 24 horas para que os filiados deixassem os cargos no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Sabino afirmou que permanecerá no cargo até a próxima quinta-feira (2), a pedido do presidente Lula. O motivo é a entrega de obras concluídas para a COP30, em Belém. “Tive uma conversa hoje com o presidente da República, em virtude da decisão do partido ao qual eu sou filiado tomou, de deixar o governo, e vim hoje aqui cumprir o meu papel, entreguei ao presidente a minha carta e o meu pedido de saída do Ministério do Turismo, cumprindo a decisão do meu partido”, anunciou.
“A minha vontade clara é continuar o trabalho que a gente vem fazendo, a gente tem um trabalho de diálogo mantido, e hoje o presidente assinou com essa possibilidade de ampliar esse diálogo junto com o partido União Brasil para gente ver quais serão as cenas dos próximos capítulos”, completou.
O anúncio é formalização do pedido demissão anunciado na semana passada, quando o União Brasil estabeleceu um prazo para que os filiados deixassem os cargos na gestão petista. Sabino conversou com o presidente Lula na última sexta-feira (19), quando acertou que voltariam a se falar após a viagem do petista a Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU.
Celso Sabino
Sabino é deputado federal licenciado do União e indicado ao governo pela bancada do partido na Câmara. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), foi responsável por indicar outros dois ministros de Lula na cota da legenda: Waldez Góes (Desenvolvimento Regional) e Frederico Siqueira Filho (Comunicações).
Sabino, que é deputado federal, comandou o Ministério do Turismo por dois anos
Durante expectativas de desembarque de seu partido, Sabino chegou a procurar integrantes da cúpula do União Brasil, aliados no Congresso e colegas do governo Lula em uma ofensiva para tentar permanecer no cargo.
Uma das pautas de maior interesse para ele no governo era a COP30, a ser realizada em novembro deste ano e Belém, evento com o qual acreditava que conseguiria consolidar uma base eleitoral para sua candidatura ao Senado em 2026.
Na visão de aliados do presidente, a cúpula da legenda já havia se distanciado do governo, com sinais claros de que pretendia formar uma aliança de direita para disputar as próximas eleições contra Lula.
Integrantes do primeiro escalão do Planalto avaliam que a aliança do governo com o União Brasil se sustenta, há algum tempo, numa relação com Alcolumbre, e não com a direção da sigla.
A debandada do partido já vinha sendo ameaçada desde agosto, tendo avançado neste mês desde que as cúpulas do União e do PP (com o qual firmaram federação) anunciaram a decisão de deixar os ministérios.
Na ocasião, os dois partidos afirmaram que todos os “detentores de mandatos” devem sair do governo até o dia 30 de setembro, sob pena de serem expulsos. Isso significa que além de Sabino deverá deixar o cargo o ministro André Fufuca (Esporte).
Com o começo das ameaças, o presidente Lula chegou a cobrar que os filiados do União e do PP se posicionassem durante atos de oposição organizados por suas siglas, após o anúncio da federação entre os dois.
O evento de anúncio da aliança teve a presença do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como possível adversário de Lula na eleição presidencial no próximo ano.