O Burger King deve encerrar suas operações na Argentina após mais de três décadas de presença no país. A controladora mexicana Alsea, responsável pela franquia local, decidiu vender a rede de fast food em meio à piora da crise econômica e à queda no consumo sob o governo de Javier Milei. O movimento reforça a tendência de retração de grandes marcas internacionais que enfrentam dificuldades para operar em um mercado com inflação alta e margens cada vez menores.
De acordo com o jornal argentino La Nación, o processo de venda está sendo conduzido pelo banco espanhol BBVA, que já iniciou conversas com possíveis compradores. A lista de interessados inclui fundos de investimento e grupos do setor de alimentação, tanto locais quanto estrangeiros. A Alsea deve seguir uma estratégia semelhante à adotada em 2023, quando vendeu as operações do Burger King na Espanha para o fundo britânico Cinven.
Apesar de se desfazer do Burger King, a Alsea continuará atuando na Argentina com a marca Starbucks, que segue em expansão e tem apresentado resultados mais consistentes. Em nota, o grupo afirmou que “não comenta rumores ou especulações de mercado” e que eventuais anúncios oficiais serão feitos por seus canais institucionais.
Fundado em 1954, o Burger King é a segunda maior rede de hambúrgueres do mundo, com cerca de 17 mil unidades em mais de 100 países. Na Argentina, a marca chegou em 1989 e atualmente opera 118 lojas em províncias como Buenos Aires, Córdoba, Mendoza, Santa Fe e Tucumán.
Decisão de vender a rede de fast food veio em meio à piora da crise econômica e à queda no consumo sob o governo de Javier Milei (Foto: Reprodução)
Concorrência do Burger King aumentou
O setor de fast food argentino tem enfrentado forte concorrência nos últimos anos, tanto de redes locais quanto de novas hamburguerias artesanais e franquias de frango frito. A Mostaza, marca nacional, já rivaliza com Burger King e McDonald’s em número de pontos de venda e presença em shoppings e estradas.
Um consultor ouvido pelo La Nación avaliou que o segmento de hambúrgueres “se comoditizou” no país. “A diferenciação que essas marcas ofereciam perdeu força diante de concorrentes com cardápios mais amplos, preços mais competitivos e promoções agressivas”, afirmou.
Entre os possíveis compradores da operação argentina estão a DGSA — controladora das pizzarias Kentucky e das marcas Sbarro e Chicken Chill —, o fundo Inverlat, que detém as licenças da Wendy’s e do KFC, e o grupo equatoriano Int Food, também ligado a essas duas redes de fast food.