Em meio a uma grave crise cambial, a Argentina conquistou apoio financeiro de dois grandes organismos multilaterais: o Banco Mundial e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que anunciaram a antecipação de um pacote conjunto de US$ 7,9 bilhões para o país. A medida tem como objetivo dar fôlego ao governo de Javier Milei e seu pacote de arrocho econômico que tem penalizado principalmente a população mais pobre.
Segundo as instituições, não se trata de novos recursos, mas de uma liberação mais rápida de financiamentos previamente aprovados.
Do total anunciado, o Banco Mundial ficará responsável por US$ 4 bilhões — parte de um pacote maior, de US$ 12 bilhões, anunciado em abril deste ano, quando o governo argentino aboliu o controle cambial para pessoas físicas.
Segundo fontes ouvidas pelo jornal La Nación, os valores serão implementados ao longo dos próximos três anos, com a liberação inicial ocorrendo nos próximos meses.
De acordo com o ministro da Economia, Luis Caputo, os recursos serão direcionados a setores considerados “motores-chave de competitividade”, como mineração, turismo, energia, além do fortalecimento de cadeias produtivas e do financiamento às pequenas e médias empresas (PMEs).
Em publicação nas redes sociais, Caputo agradeceu ao presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, e afirmou que a decisão “reflete a confiança nas reformas econômicas em curso”.
Argentina também obtém promessa do governo Trump
Os presidentes Milei e Donald Trump (EUA) se encontraram na terça-feira (23), em Nova York, à margem da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), para discutir uma ajuda estadunidense ao país vizinho do Brasil. Contudo, a reunião terminou sem a promessa de ajuda direta dos Estados Unidos.
Apesar disso, o governo dos Estados Unidos deu sinais de que poderá agir para ajudar a estabilizar a economia argentina.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que Washington discute uma linha de swap de US$ 20 bilhões com o Banco Central argentino e que está pronto para comprar títulos do país no mercado primário ou secundário.
“O Tesouro está trabalhando em coordenação com o governo argentino para evitar volatilidade excessiva”, escreveu Bessent na rede social X (ex-Twitter).
Ele também mencionou a intenção de encerrar isenções fiscais a exportadores que convertam receitas em moeda estrangeira, como forma de fortalecer o sistema cambial.
Os Estados Unidos também estudam fornecer uma linha de crédito standby por meio do Fundo de Estabilização Cambial — embora nenhuma dessas medidas tenha, até agora, um cronograma ou valores confirmados.
BID amplia presença e mira o setor privado
O presidente do BID, Ilan Goldfajn, anunciou que a instituição pretende ampliar significativamente suas operações na Argentina nos próximos 15 meses. A ajuda do Grupo BID — que inclui também o BID Invest (voltado ao setor privado) e o BID Lab (voltado à inovação) — somará US$ 3,9 bilhões.
Desse montante, US$ 2,9 bilhões serão destinados ao setor público, para financiar reformas estruturais, enquanto US$ 1 bilhão virá por meio do BID Invest, com foco em energia, minerais críticos, conectividade, saúde e financiamento a PMEs (Pequenas e Microempresas). Atualmente, a carteira de investimentos do BID Invest na Argentina é a maior da América Latina.
No âmbito da Estratégia País aprovada em julho e do programa vigente com o FMI (Fundo Monetário Internacional), o BID planeja um pacote total de até US$ 10 bilhões para a Argentina ao longo dos próximos três anos.