Após uma trajetória de forte valorização ao longo das últimas semanas, o Ibovespa teve um dia de ajuste nesta quinta-feira (25). O principal índice da B3 recuou 0,81%, encerrando aos 145.306,23 pontos — uma queda de 1.185,52 pontos no dia.
Apesar da baixa, o movimento ocorre após uma série impressionante: nos últimos 20 pregões, desde 28 de agosto, o Ibovespa renovou 9 vezes sua máxima histórica e 9 vezes a máxima de fechamento, saltando de 139,2 mil para 147,1 mil pontos.
A realização de lucros predominou, em meio a um ambiente doméstico de divulgação de dados econômicos relevantes. O dólar comercial acompanhou o movimento de cautela e subiu 0,69%, cotado a R$ 5,363. Os contratos de juros futuros (DIs) também fecharam em alta ao longo de toda a curva.
No campo macroeconômico, o destaque do dia foi a prévia da inflação (IPCA-15) de setembro. O indicador voltou a subir após a deflação registrada em agosto, mas o avanço veio abaixo das expectativas do mercado, refletindo, principalmente, uma desaceleração no setor de serviços.
Apesar do dado benigno no curto prazo, o Banco Central divulgou projeções mais conservadoras. A autoridade monetária estima que o IPCA seguirá acima da meta de 3% até, pelo menos, o primeiro trimestre de 2028. Além disso, reduziu sua projeção de crescimento do PIB de 2,1% para 2,0% em 2025 e prevê avanço de apenas 1,5% em 2026.
“As projeções de curto prazo indicam que a inflação ficará acima do limite de tolerância nos próximos meses”, afirmou Diogo Guillen, diretor de Política Econômica do BC. Já o presidente da instituição, Gabriel Galípolo, reiterou que as decisões sobre a taxa Selic seguem condicionadas à evolução dos dados.
Na Bolsa, a queda foi parcialmente contida por desempenhos positivos de pesos-pesados. As ações da Vale (VALE3) avançaram 0,55%. Por outro lado, Petrobras (PETR4) recuou 0,80%, mesmo após a aprovação do Ibama para a perfuração na Margem Equatorial. A sinalização de exigências adicionais por parte do órgão ambiental para a concessão da licença definitiva gerou cautela entre os investidores.
Mercado externo
As bolsas de Wall Street fecharam em baixa hoje, após a leitura do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA no 2º trimestre de 2025 ter sido revisado para cima, junto com a inflação de consumo. O mercado teme que o Federal Reserve, o banco central estadunidense, adie cortes de juros diante da força da economia e da inflação elevada. Austan Goolsbee, do Fed, alertou para riscos de estagflação (inflação alta e economia estagnada) e criticou cortes baseados só em dados de emprego.
O Dow Jones fechou com baixa de 0,38%, aos 45.947,57 pontos; o S&P 500, -0,50%, aos 6.604,80 pontos; e o Nasdaq, -0,50%, aos 22.384,69 pontos.