Por Cleber Lourenço
A tentativa de Paulinho da Força (Solidariedade-SP) de dar sobrevida ao PL da Anistia desmoronou antes mesmo de começar. Após afirmar à imprensa que apresentaria o texto final nesta terça-feira (15) a líderes partidários, o deputado não apareceu. Segundo aliados do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a reunião nunca chegou a ser marcada.
Fontes próximas a Motta afirmaram que a pauta da semana foi definida na última quinta-feira, e que o próprio relator não comunicou formalmente nenhuma agenda para apresentação do texto. Uma delas foi direta ao comentar o episódio:
“Na semana passada ficou definido que essa semana não teria reunião de líderes e que seriam pautadas matérias de educação, né?”
Outro interlocutor foi ainda mais incisivo:
“Parece que o Paulinho inventou uma reunião da cabeça dele. Nunca teve reunião ou previsão de reunião. O cara saiu espalhando na imprensa que ia apresentar hoje e, no fim, sumiu.”
A declaração do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), reforçou a confusão em torno do tema. Ao ser questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de o projeto avançar primeiro no Senado, Alcolumbre respondeu:
“Estou esperando o Paulinho.”
A fala, dada à jornalistas, foi interpretada por interlocutores como sinal de distanciamento e ironia em relação ao relator, uma vez que o Senado ainda aguarda o envio formal do texto pela Câmara. O episódio reforça a percepção de que há descompasso entre as duas Casas e que o PL da Anistia continua sem articulação concreta para avançar.
Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Hugo Motta
Última cartada
A movimentação de Paulinho havia sido tratada como uma última cartada política para tentar reverter o impasse que mantém o projeto fora da pauta desde agosto. A ideia era apresentar uma versão final do texto, com ajustes e justificativas adicionais para a proposta de rever as penas dos condenados pelos atos de 8 de janeiro, buscando apoio de líderes do Centrão e da base governista.
Sem reunião e sem texto apresentado, o episódio confirma o esvaziamento político do PL da Anistia. Líderes de diferentes partidos afirmam que a prioridade nesta semana é a votação de matérias ligadas à educação, e não há sinalização de retomada do debate até o fim de outubro.
Nos bastidores, aliados de Hugo Motta avaliam que a movimentação de Paulinho foi mais uma tentativa de recolocar o tema no radar da imprensa, mas sem articulação política real. Com o relator ausente e sem nova data marcada, o PL tende a continuar fora da pauta e cada vez mais distante de uma retomada.
O ICL Notícias tentou contato com o deputado Paulinho da Força, mas ele não retornou às mensagens até o fechamento desta reportagem.
