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Por Gabriel Gomes
Os ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenaram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe, mas muitas postagens nas redes sociais lembraram de outro tipo de culpa atribuída ao ex-presidente: a negligência durante a pandemia de Covid19. Segundo o analista de redes Pedro Barciela, o descaso do governo Bolsonaro durante a pandemia com a vacinação e os profissionais de saúde foi central em 20% dos comentários.
O monitoramente feito por Barciela nas redes apontam que a memória de vítimas, familiares e amigos de pessoas vitimadas pela Covid-19 tiveram grande destaque nas redes sociais durante a quinta-feira (11). Até o dia 31 de dezembro de 2022, último dia do governo de Jair Bolsonaro, o Brasil registrou 693.853 mortos pela doença.
(Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Após as condenações, 88% dos comentários nas redes enalteceram, comemoraram e exaltaram a democracia. O número de menções ao tema durante todo o dia foi definido pelo analista Pedro Barciela como uma “catarse”.
O levantamento destaca, ainda, os usuários não-polarizados. Durante o voto do ministro Luiz Fux, comemorado pelo bolsonarismo, o monitoramento contabilizou 2.8 milhões de menções na rede social “X” (antigo Twitter). Destes, apenas 2% foram identificados como não-polarizados. Após as condenações, foram 2 milhões de menções, dos quais 15% foram identificados como não-polarizados – empatados com o bolsonarismo.
“Essa presença e a composição das conversações que comemoram a condenação dos golpistas reforça um cenário único nas redes: apesar do barulho, o bolsonarismo sofre ao longo dos últimos anos com o isolamento de seu cluster”, escreveu Pedro Barciela, na rede social “X”.
“Para superar essa limitação, apela para táticas como a produção massiva de conteúdos, campanhas de difamação e até mesmo assédio online para tentar emular, nas redes, uma imagem ‘maior do que de fato é’”, completou.
Uma das publicações que viralizou após as condenações resgatava um vídeo emocionante, feito após a vitória do presidente Lula (PT) nas eleições de 2022, do desabafo de uma mulher, que perdeu o pai durante a pandemia de Covid-19. As imagens mostram a mulher gritando da janela: “Não foi uma gripezinha. É por você, pai! É por você, Chicão! É por todos vocês… foi pelas 700 mil vidas perdidas e por suas famílias também.” Veja:
FOI PELAS 700 MIL VIDAS PERDIDAS NA PANDEMIA E SUAS FAMÍLIAS TAMBÉM!!! #BolsonaroNaCadeia pic.twitter.com/EeonV9e2MW
— Emerson Damasceno (@EmersonAnomia) September 11, 2025
Memes tomam conta das redes sociais após a condenação de Bolsonaro
A condenação de Jair Bolsonaro provocou uma enxurrada de memes nas redes sociais. Muitos faziam alusão à prisão de Jair Bolsonaro. Alguns, ainda, mencionaram o Complexo Penitenciário da Papuda, um dos possíveis locais em que o ex-presidente pode ficar detido.
Outras imagens de humor utilizavam as figuras dos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cármen Lúcia, do STF, que votaram a favor da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro. Outras sátiras faziam referência ao tempo de prisão ao qual Bolsonaro foi condenado (27 anos e três meses). Veja aqui alguns exemplos.
Condenação de Bolsonaro e mais sete pela trama golpista
Além de Bolsonaro, foram condenados os generais Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, o almirante Almir Garnier, o deputado Alexandre Ramagem, o ex-ministro Anderson Torres e o tenente-coronel Mauro Cid. Eles foram condenados por organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
No caso do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), a condenação envolve os crimes de organização criminosa, golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Isso porque a Câmara dos Deputados não autorizou o prosseguimento das ações pelos dois crimes relacionados à depredação das sedes dos três poderes em 8 de janeiro, quando Ramagem já tinha sido diplomado deputado.