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Ambipar entra em recuperação judicial no Brasil e nos EUA

por Adriana Cardoso
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A Ambipar, uma das maiores empresas de gestão ambiental da América Latina, entrou com pedido de recuperação judicial na segunda-feira (20), no Rio de Janeiro, em uma tentativa de evitar a falência diante da pior crise de sua história. O processo, que inclui outras empresas do grupo como a Environmental ESG Participações, foi motivado por falta de liquidez e pelo risco de execução imediata de dívidas que somam bilhões de reais.

Nos Estados Unidos, a subsidiária Ambipar Emergency Response também solicitou proteção contra credores com base no Capítulo 11 da legislação americana — o equivalente à recuperação judicial no Brasil.

A medida é o desfecho de uma sequência de episódios que abalaram a governança da companhia, afetaram a confiança do mercado e causaram perdas expressivas a investidores. O estopim da crise foi a suspeita de irregularidades em operações financeiras realizadas pela antiga diretoria, reveladas após a saída repentina do então CFO, João de Arruda. Segundo a Ambipar, swaps mal estruturados e não informados adequadamente contribuíram para o colapso.

A nova gestão, agora comandada por Ricardo Garcia — que também acumula o cargo de diretor de relações com investidores — tenta conter os danos com apoio da consultoria FTI Consulting, contratada para investigar os responsáveis e buscar reparações.

Investidores enfrentam perdas com COEs e papéis são retirados de índices da B3

A crise se agravou no início de outubro, quando rumores sobre o pedido de recuperação judicial começaram a circular após uma disputa judicial com o Deutsche Bank. Na época, a Ambipar obteve uma liminar que impedia o vencimento antecipado de dívidas, mas o movimento já indicava fragilidade.

A incerteza derrubou os títulos de dívida da companhia e acionou cláusulas automáticas de vencimento em produtos estruturados.

Entre os mais afetados estão os famigerados COEs (Certificados de Operações Estruturadas), investimentos que combinam diversos ativos financeiros em uma única aplicação. No caso da Ambipar, os COEs estavam lastreados em seus títulos de crédito. Com o colapso do valor desses papéis, investidores receberam apenas 6,88% do valor originalmente investido, segundo comunicados de XP e BTG Pactual. A Braskem, que também enfrentou perdas semelhantes, viu seus COEs renderem entre 26,62% e 36,97% do valor aplicado.

O escândalo envolvendo COEs já foi amplamente abordado pelo economista e fundador do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), Eduardo Moreira. Para saber mais, clique aqui.

Como consequência da crise reputacional e financeira, a B3 excluiu as ações da Ambipar de nove índices da bolsa, incluindo carteiras com selo de ações verdes. A exclusão, válida desde 15 de outubro, foi justificada como uma medida para preservar a integridade e a representatividade dos índices, segundo comunicado da própria bolsa.

A recuperação judicial marca uma mudança drástica no cenário da Ambipar, que até pouco tempo era considerada uma estrela em ascensão no setor ESG (Environmental, Social, and Governance).

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