Um novo estudo publicado na revista científica Nature na terça-feira (21) trouxe novas explicações sobre por que a amamentação reduz o risco de câncer de mama. A pesquisa revelou que mulheres que amamentam desenvolvem células imunológicas especializadas capazes de permanecer no tecido mamário por décadas e de combater células anormais que poderiam dar origem a tumores.
Essas células, conhecidas como células T CD8+, funcionam como uma espécie de “guarda permanente” no organismo. Segundo os cientistas, elas parecem ter evoluído para proteger as mães no período pós-parto, mas também oferecem um efeito colateral benéfico: diminuem a probabilidade de desenvolvimento de câncer de mama — especialmente o tipo triplo-negativo, considerado o mais agressivo.
A descoberta ajuda a preencher lacunas sobre o mecanismo biológico que explica o fator protetivo da amamentação. “Estudamos dados de mais de mil pacientes com câncer de mama e descobrimos que mulheres que amamentaram tinham tumores com números maiores dessas células T protetoras e, em alguns grupos, viveram mais após o diagnóstico de câncer de mama”, afirmou a professora Sherene Loi, cientista clínica do Peter MacCullum Cancer Centre, em Victoria, na Austrália, e uma das autoras do estudo.
Amamentação importante
De acordo com os pesquisadores, após um ciclo completo de gravidez, amamentação e recuperação do tecido mamário, ocorre um acúmulo dessas células T CD8+ nas mamas, o que foi confirmado em experimentos pré-clínicos.
Embora já se soubesse que ter filhos e amamentar reduzem o risco de câncer de mama, as explicações anteriores se concentravam principalmente nas mudanças hormonais. Agora, os cientistas apontam que alterações no sistema imunológico também desempenham um papel essencial nessa proteção.
Os autores acreditam que as descobertas podem abrir caminho para novas estratégias de prevenção e tratamento da doença, aproveitando o potencial dessas células de defesa específicas para fortalecer a imunidade do tecido mamário e prevenir o desenvolvimento de tumores.