O nome de Donald Trump aparece em uma série de e-mails inéditos trocados pelo bilionário Jeffrey Epstein nos últimos 15 anos, segundo documentos divulgados nesta quarta-feira (12) pelos democratas do Comitê de Supervisão da Câmara.
Epstein, que se suicidou em 2019 enquanto aguardava julgamento por acusações de abuso e tráfico sexual, menciona Trump diversas vezes em mensagens enviadas a sua ex-associada Ghislaine Maxwell — condenada por tráfico sexual após a morte dele — e ao escritor Michael Wolff, conhecido por livros sobre bastidores da Casa Branca.
De acordo com os e-mails, Epstein afirma que Trump teria passado “tempo significativo” com uma mulher descrita pelos democratas como vítima de seu esquema de exploração sexual.
Em outra mensagem, ele diz que Trump “sabia das garotas”, em referência à alegação de que o então empresário expulsou Epstein de seu clube de Mar-a-Lago por assediar jovens funcionárias.
Os e-mails foram obtidos por meio de intimação judicial e fazem parte de um conjunto de 23 mil documentos entregues ao comitê.
Mensagens de Epstein
Em um e-mail de 2 de abril de 2011, Epstein escreveu a Maxwell:
“Quero que você perceba que o cachorro que não latiu é Trump. (Censurado) passou horas na minha casa com ele, ele nunca foi mencionado. Chefe de polícia etc. Estou 75% lá.”
Maxwell respondeu: “Eu estive pensando sobre isso…”.
O contexto da troca não foi esclarecido.
Três anos antes, em 2008, Epstein havia sido condenado a 18 meses de prisão por solicitação de prostituição, incluindo uma menor de idade. Cumpriu apenas 13 meses, em um acordo judicial amplamente criticado anos depois.
Em outra mensagem, de janeiro de 2019, Epstein escreveu a Wolff para comentar a declaração de Trump de que o teria banido de Mar-a-Lago:
“Trump disse que me pediu para renunciar. Nunca fui membro… Claro que ele sabia sobre as meninas, já que pediu a Ghislaine para parar.”
A Casa Branca afirmou que Trump expulsou Epstein do clube “por ser um patife”, e o próprio Trump declarou que o bilionário “roubava” funcionárias do spa de Mar-a-Lago.
Outro e-mail, de 15 de dezembro de 2015, mostra Wolff alertando Epstein de que a CNN planejava perguntar a Trump sobre seu relacionamento com o bilionário durante um debate republicano.
Epstein perguntou como deveria reagir, e Wolff respondeu:
“Acho que você deveria deixá-lo se enforcar. Se ele negar ter estado no avião ou na sua casa, isso pode gerar moeda política. Se ele parecer que pode ganhar, você pode salvá-lo e gerar uma dívida.”
Wolff já havia afirmado publicamente ter entrevistado Epstein, e o site The Daily Beast relatou possuir gravações em que o bilionário fala sobre sua amizade com Trump.
Trump e Epstein: relação antiga e controvérsias
A relação entre Trump e Epstein é conhecida desde os anos 1990. Ambos foram fotografados juntos em eventos sociais, embora Trump negue qualquer envolvimento em atividades ilegais.
A divulgação dos e-mails reacende a pressão no Congresso americano para que o governo libere mais documentos relacionados ao caso Epstein.
O Departamento de Justiça, ainda sob a administração Trump, manteve em 2019 a conclusão de que o bilionário morreu por suicídio — decisão que até hoje gera questionamentos entre parlamentares e parte da base política do ex-presidente.