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Por Gabriel Gomes
O vice-presidente do Brasil e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), concedeu uma entrevista exclusiva ao ICL Notícias – 1ª edição desta segunda-feira (27). Alckmin falou sobre o encontro entre o presidente Lula e Donald Trump na Malásia, o tarifaço imposto pelo governo dos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros e as novas possibilidades do país no Comércio Exterior.
Geraldo Alckmin comentou sobre o encontro entre o presidente Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump em Kuala Lumpur, na Malásia, neste domingo (26). Alckmin afirmou que o encontro foi “muito positivo” e que, a partir de agora, o diálogo entre os dois países de “estabelece” e “se aprofunda”.
“O encontro foi muito positivo, o diálogo se estabelece e agora, se aprofunda. Vai entrar nesse debate questões tarifárias, embora o Brasil já tenha tarifas muito baixas em relação aos Estados Unidos. Dos dez produtos que eles mais exportam, oito são tarifa zero. A tarifa média é de 2,7%. Só tem três países do G20 que os EUA tem superávit na balança: Reino Unidos, Austrália e Brasi. Não tem sentido essa tarifa de 10 + 40”, disse Geraldo Alckmin.
“Agora nós vamos aprofundar o diálogo, conversas tarifárias e não-tarifárias. Acho que tem muitas questões que podem ser colocadas. Oportunidade de datacenter no Brasil. É importante destacar que os EUA é o maior investidor no Brasil. Entendo que o Congresso devia votar ainda este ano a MP do Redata, porque isso traz segurança jurídica. Ninguém vai investir milhões em datacenter, na área de Inteligência Artificial, sem ter uma legislação aprovada e consolidada. É importante o Congresso aprovar, e o Brasil tem energia abundante e renovável. Terras raras, possibilidades na área do agro, tem inúmeras oportunidades de parceria”, completou.
O vice-presidente comentou sobre o recente encontro entre o chanceler Mauro Vieira e o Secretário de Estado dos Estados Unidos, em Washington, após conversa por telefone entre Lula e Trump. Segundo Alckmin, não há, ainda, uma data definida para um novo encontro presencial entre representante dos dois países.
“Depois do encontro do presidente Lula com o presidente Trump, já houve uma primeira reunião do chanceler Mauro Vieira, com o secretário Márcio Elias Rosa e de outros diplomatas, já deram o primeiro passo. Claro que isso vai ter agora que ter uma sequência. Não tem ainda uma data definida e vamos aguardar a volta do presidente para ver os próximos passos. Estamos otimistas, acho que tem um caminho bom pela frente para avançar”, definiu.
“Dos 40 bilhões de dólares que o Brasil exportou para os EUA no ano passado, 42% está fora do tarifaço. É avião, suco de laranja, celulose. 24% está na seção 232, onde nós e o mundo estamos iguais, como alumínio e cobre, não perdemos competitividade. O que realmente atrapalha é 34% da exportação, que ficou 10+40%, tem carne, café, pescado, fruta, motor, máquina, sapato, roupa… Não tem sentido essa aliquota e estamos fazendo esforço para reduzi-la”, explicou Geraldo Alckmin.
‘Lamento que tenha parlamentar fora do país tentando prejudicar a economia brasileira’, diz Alckmin
Durante a entrevista, Alckmin, sem mencionar nominalmente, fez menção à situação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que, há meses, tem atuado junto a autoridades norte-americanas para constranger instituições brasileiras e pressionar em favor do pai, Jair Bolsonaro.
“Eu lamento que o Congresso Nacional tenha parlamentar pago com dinheiro público fora do país trabalhando contra o emprego no Brasil, contra as empresas no Brasil, tentando prejudicar a economia brasileira”, disse Geraldo Alckmin.
“Nós devemos sempre respeitar o resultado das eleições. Foi eleito no Brasil o presidente Lula, que salvou a democracia brasileira. Nós devemos sempre respeitar, o presidente Trump foi eleito presidente dos EUA. É trabalhar para resolver e solucionar problemas”, ressaltou o vice-presidente.
‘Brasil tem avançado muito no Comércio Exterior’, diz Alckmin
Geraldo Alckmin comentou, ainda, sobre novos avanços e acordos firmados pelo Brasil com diferentes países do mundo. “O presidente Lula sempre defendeu, desde o começo, diálogo e negociação. Os EUA não é o maior comprador do Brasil, hoje é a China e depois, a União Europeia. Os Estados Unidos é o terceiro, mas é importante porque a China, por exemplo, compra Commodity e os EUA compra valor agregado, que é mais difícil de substituir no mundo”.
“O Brasil tem avançado muito no Comércio Exterior. Há 13 anos, o Mercosul não fazia uma acordo. Em 2023, fez Mercosul – Singapura, este ano Mercosul – EFTA, os países de maior renda per capita do mundo, deve assinar até o final do ano com a União Europeia, tá caminhando com os Emirados Árabes”, salientou.
“Comércio Exterior é emprego, a empresa cresce, ganha escala, muda de patamar”, explicou o vice-presidente.
O vice-presidente comentou sobre as relações do Brasil com a China. “Em relação à questão da China e os EUA, o Brasil não tem litígio com ninguém. O Brasil é um país de paz, se dá bem com todos e defendo o interesse nacional. Nós temos que ter ótimo relacionamento com a China, é um país que cresce fortemente. Os EUA é o maior PIB do mundo e um comércio importante porque tem muito produto de valor agregado, e o maior investidor no Brasil. Nós não temos que entrar nessas brigas, nós temos que fazer e defender o multilateralismo”
‘PSB ficará honrado em receber Simone Tebet’
O vice-presidente do Brasil e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), foi questionado sobre as eleições de 2026. O nome de Alckmin é cotado, para além da reeleição junto ao presidente Lula, para concorrer ao governo do estado de São Paulo ou ao Senado.
“2026 é ano par, nós estamos em ano ímpar. Tem um século aí pela frente, vamos trabalhar bastante para ajudar o presidente Lula, ajudar o Brasil. O país está crescendo, a inflação está caindo, o dólar baixou, a cesta básica caiu, estamos com uma safra recorde de produção agrícola, o salário mínimo tem o melhor poder aquisitivo desde 1940. É trabalhar para poder crescer ainda mais fortemente, 23 milhões de pessoas saíram do mapa da fome. Estou muito feliz ajudando o presidente Lula, trabalhando como ministro e ajudando esse país maravilhoso”, disse.
Alckmin também falou sobre a possibilidade de uma candidatura da ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), ao Senado, pelo estado de Mato Grosso do Sul ou por São Paulo. Tebet, atualmente no MDB, é cotada para se transferir ao PSB, partido de Alckmin.
“Tenho enorme carinho e admiração pela Simone Tebet. É uma decisão que ela precisa avaliar, certamente o fará no momento oportuno. Mas, tem todas as credenciais, espírito público e liderança para essas missões”. “O PSB ficará honrado em recebê-la”, completou Alckmin.
Alckmin lamenta postura de Tarcísio diante do tarifaço
Geraldo Alckmin, durante a entrevista, lamentou a postura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), diante do tarifaço imposto pelo Estados Unidos. Tarcísio foi um dos primeiros a comemorar publicamente a vitória de Donald Trump nas eleições americanas de 2024. O estado é o mais prejudicado pela tarifa geral de 50% .
“Quero lamentar a postura do governador do estado de São Paulo. Primeiro, porque São Paulo é um dos principais prejudicados nessa questão do tarifaço, ele não devia aplaudir o presidente dos EUA em um momento como esse. São Paulo é onde está fortemente a indústria, que é o que exportamos mais para os Estados Unidos e é mais difícil colocar em outros países. Não é fácil competir, especialmente com os países asiáticos. É lamentável defender uma coisa que é injusta, não tem sentido”.
