A Argentina realiza neste domingo (26) eleições legislativas que vão renovar um terço do Senado (24 das 72 cadeiras) e metade da Câmara dos Deputados (127 das 257). O pleito é considerado um teste decisivo para o governo de Javier Milei e definirá o peso político do presidente argentino no Congresso até 2027.
O movimento de oposição peronista detém a maior minoria na Câmara dos Deputados e no Senado — e tem cerca de metade de suas cadeiras na Câmara em disputa pela reeleição. O partido de Milei, La Libertad Avanza, tem apenas 37 dos 257 deputados e seis dos 72 senadores. As disputas mais importantes ocorrerão na província de Buenos Aires, onde Milei já amargurou uma derrota em eleições locais em setembro.
O avanço da inflação, a estagnação econômica, o aumento do desemprego e a perda do poder de compra reduziram o apoio popular ao governo. Uma sucessão de escândalos abala a Casa Rosada, sede do governo na Argentina. A promoção de um criptoativo sem lastro por Milei e áudios vazados que sugerem envolvimento de Karina Milei, irmã e principal assessora do presidente, em um esquema de propinas ligado à compra de medicamentos abalaram a imagem do presidente.
Em Córdoba e Santa Fé, redutos considerados seguros, os libertários enfrentam forte concorrência de lideranças locais, como o ex-governador Juan Schiaretti e o atual governador Maximiliano Pullaro, da oposição.
Governo Milei enfrenta peronismo
Atualmente, aliados do governo Milei ocupam 74 cadeiras na Câmara e 13 no Senado. Consultorias projetam que, com desempenho mediano (cerca de 35% dos votos), Milei pode alcançar um terço da Câmara e um quarto do Senado, o mínimo necessário para evitar a derrubada de vetos presidenciais, embora ainda distante de maioria suficiente para aprovar reformas estruturais.
O governo aposta em bons resultados em Buenos Aires, Mendoza e Salta, onde ministros como Patricia Bullrich (Segurança) e Luis Petri (Defesa) disputam vagas no Congresso. Porém, a derrota expressiva nas eleições locais de setembro, especialmente na província de Buenos Aires, onde o peronismo venceu por 13 pontos, indica terreno difícil. O caso de José Luis Espert, ex-candidato libertário envolvido em denúncia de narcotráfico que renunciou à candidatura, agravou a crise.
O peronismo, reunido na coalizão Força Pátria e liderado pela ex-presidente Cristina Kirchner, tenta se recompor e deve manter domínio em províncias do Norte e Centro do país, como Tucumán, Formosa e La Rioja.
A disputa também ganhou contornos internacionais. Milei interrompeu a campanha para visitar a Casa Branca, onde recebeu apoio de Donald Trump. O republicano interveio para conter a escalada do dólar argentino, mas irritou parte da opinião pública ao condicionar o auxílio ao desempenho eleitoral do presidente.
O governo acredita que sairá fortalecido das urnas, amparado na união entre La Libertad Avanza e o PRO, partido do ex-presidente Mauricio Macri. O peronismo, por sua vez, chega dividido e tenta preservar o que resta de sua base histórica.