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Polícia faz operação em postos ligados a empresário suspeito de lavar dinheiro do PCC

por Felipe Rabioglio
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A Polícia Civil de São Paulo deflagrou nesta terça-feira (21) a Operação Octanagem, voltada a desmantelar uma nova frente de lavagem de dinheiro ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC). A ação cumpre seis mandados de busca e apreensão em postos de combustíveis da Baixada Santista e do interior paulista, pertencentes a empresários investigados por integrarem o esquema comandado por Mohamad Hussein Mourad, apontado como um dos principais operadores financeiros da facção.

As investigações indicam que os postos serviam para ocultar lucros ilícitos e manter o fluxo de capital do PCC mesmo após a Operação Carbono Oculto, que revelou o controle da facção sobre parte da cadeia de produção e distribuição de combustíveis no país. Mourad, considerado o elo entre o crime organizado e o setor empresarial, segue foragido.

Segundo a corporação, o foco da operação é atingir o “varejo” da estrutura criminosa, formado por postos que continuaram operando normalmente após a primeira ofensiva policial. Além da Polícia Civil, a ação conta com o apoio de fiscais da Agência Nacional do Petróleo (ANP), do Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) e da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, que verificam eventuais irregularidades fiscais e técnicas nos estabelecimentos.

Mohamad Hussein Mourad é apontado como um dos principais operadores financeiros da facção (Foto: Reprodução)

Alvos da operação

Dos seis locais vistoriados, três ficam em Praia Grande, dois em Santos e um em Araraquara, no interior. Os endereços são:

• Auto Posto Super Senna LTDA – Av. Washington Luís, Gonzaga, Santos (SP)


• Auto Posto Novo Milênio – R. Conselheiro Rodrigues Alves, Macuco, Santos (SP)


• Auto Posto Panamera LTDA – Av. Presidente Kennedy, Maracanã, Praia Grande (SP)


• Auto Posto Platinum – Av. Dr. Roberto de Almeida Vinhas, Vila Mirim, Praia Grande (SP)


• Auto Posto Quasar LTDA – Av. Presidente Kennedy, Vila Caiçara, Praia Grande (SP)


• Auto Posto Ímola de Araraquara LTDA – Av. Maria Camargo de Oliveira, Vila Velosa, Araraquara (SP)

Cinco desses estabelecimentos são ligados ao empresário Pedro Furtado Gouveia, e um a Luiz Ernesto Franco Monegatto. Ambos já haviam sido alvos da Carbono Oculto por suspeita de parceria com Mourad. Gouveia é considerado um dos maiores donos de postos entre os investigados, com sociedade em pelo menos 56 unidades identificadas pela Receita Federal e pela ANP. Monegatto, por sua vez, aparece como sócio em outros 13 postos.

Operação Carbono Oculto

Deflagrada em agosto, a Operação Carbono Oculto mobilizou cerca de 1,4 mil agentes em uma das maiores ações já realizadas contra o crime organizado no Brasil. O objetivo era desarticular um esquema bilionário de sonegação e lavagem de dinheiro do PCC, que utilizava o setor de combustíveis como fachada.

Na ocasião, mais de 350 pessoas e empresas foram investigadas por ajudar a facção a ocultar cerca de R$ 7,6 bilhões em impostos não pagos. Um levantamento do g1 mostrou que 15 dos investigados são sócios de ao menos 251 postos de combustíveis em quatro estados, sendo 33 deles localizados na Baixada Santista — distribuídos entre Santos, Praia Grande, Guarujá, São Vicente, Cubatão e Mongaguá.

Embora as distribuidoras Ipiranga, Rodoil e BR Petrobras tenham relação comercial com alguns desses postos, nenhuma delas foi alvo direto das investigações. A Polícia Civil segue apurando se há novos vínculos entre o setor de combustíveis e as finanças da facção criminosa.

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