Por Brasil de Fato
O hospital Nasser, em Gaza, informou ter recebido de Israel corpos de palestinos com sinais de tortura e execução sumária, como feridas provocadas por projéteis de armas e algemas. Ainda não há um laudo conclusivo sobre as causas das mortes dos palestinos detidos pelo exército israelense desde 7 de outubro de 2023.
A unidade recebeu os restos mortais de 90 dos 450 corpos que devem ser devolvidos por Israel como parte do acordo para encerrar a guerra. No entanto, as autoridades palestinas não sabem quantos estão sob custódia israelense.
Segundo o médico Ahmed al-Farra, chefe do departamento de pediatria do hospital Nasser, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, os corpos são de homens com idades entre 25 e 70 anos. A maioria apresentava faixas no pescoço, sendo um deles com uma corda amarrada.
“Quase todos [os corpos] estavam vendados, amarrados e tinham ferimentos de bala entre os olhos. Quase todos foram executados”, disse à Associated Press (AP) nesta quarta-feira (15). “Havia também cicatrizes e manchas escuras na pele, mostrando que foram espancados antes de serem mortos. Também havia sinais de que seus corpos foram violados após a morte.”
O hospital da Faixa de Gaza recebeu os restos mortais de 90 dos 450 corpos de palestinos (Foto: Omar Al-Qattaa/AFP)
Os corpos também foram entregues sem qualquer informação sobre as vítimas, e o processo de identificação nos hospitais é precário, já que as unidades de saúde não dispõem de recursos para realizar exames de DNA. “Eles sabem a identidade desses corpos, mas querem que as famílias sofram ainda mais por essas vítimas”, afirmou o médico.
No mesmo dia, o Ministério da Saúde de Gaza divulgou imagens de 32 corpos não identificados para auxiliar famílias na busca por parentes desaparecidos. Muitos estavam em estado avançado de decomposição ou carbonizados. Alguns não tinham membros ou dentes, enquanto outros estavam cobertos de areia e poeira.
Cessar-fogo entre Israel e Hamas
O cessar-fogo é a primeira fase do plano para encerrar a guerra perpetrada pelo país de Benjamin Netanyahu na região. Além dos corpos, a etapa envolve a troca de prisioneiros e autorização para ajuda humanitária no enclave palestino.
No entanto, um dia após formalizar o acordo de paz mediado pelos Estados Unidos, Israel abriu fogo contra um grupo de palestinos que teria se aproximado de suas forças no norte da Faixa de Gaza. Pelo menos seis pessoas foram mortas, segundo autoridades de saúde locais, ligadas ao Hamas. O ataque ocorreu apenas um dia após a libertação dos 20 reféns sobreviventes que permaneciam sob poder do Hamas e a devolução de cerca de 2 mil prisioneiros palestinos detidos por Israel.
Até esta segunda-feira (13), pelo menos 67 mil palestinos foram mortos, sendo a maioria formada por mulheres e crianças. A guerra também já deixou 80% das construções do território destruídas ou gravemente danificadas, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).