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A terça-feira (14) foi marcada por fortes oscilações nos mercados. O Ibovespa encerrou o dia com uma leve baixa de 0,07%, aos 141.682 pontos, depois de passar boa parte da sessão em alta. A virada negativa aconteceu nos minutos finais do pregão.
O dólar comercial também viveu um dia de idas e vindas: chegou a subir com força, mas perdeu tração no fim e terminou com alta de apenas 0,18%, cotado a R$ 5,472. Os juros futuros (DIs) seguiram o mesmo caminho, revertendo ganhos e encerrando no campo negativo.
Powell e a incerteza sobre os juros
Enquanto isso, nos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, reacendeu as dúvidas sobre os rumos da política monetária americana. Em um discurso na Filadélfia, ele afirmou que há um “debate saudável” dentro do Fed sobre os próximos passos para as taxas de juros, e que não há consenso entre as autoridades.
“As perspectivas para o emprego e a inflação não mudaram muito desde setembro”, disse Powell, lembrando que o Fed reduziu os juros em 0,25 ponto percentual na última reunião.
O presidente do banco central americano também destacou que as tarifas comerciais continuam pressionando os preços, mas negou a existência de outras fontes relevantes de inflação.
Trump volta à ofensiva com novas tarifas
No campo político, o governo Trump manteve o tom agressivo no comércio internacional. O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, afirmou que o país pode impor tarifas de até 100% sobre produtos chineses, dependendo da postura de Pequim em relação às terras raras — minerais essenciais para a indústria de alta tecnologia.
A tensão aumentou após declarações do ex-secretário de Comércio, Wilbur Ross, que classificou o controle chinês sobre esses recursos como uma “ameaça direta às cadeias de suprimentos americanas”.
Balanços impulsionam o setor financeiro em NY
Em Wall Street, os principais índices fecharam mistos, após um pregão igualmente volátil. O destaque foi o setor financeiro, que abriu a temporada de balanços do 3º trimestre de 2025 com resultados acima das expectativas.
Citigroup, Goldman Sachs, Wells Fargo e JPMorgan apresentaram lucros e receitas melhores que o previsto, trazendo algum alívio aos investidores.
Já o ouro manteve a tendência de alta e atingiu um novo recorde histórico, impulsionado pelas apostas de novos cortes de juros nos EUA.
Brasil: Haddad busca “virada” no Orçamento
No cenário doméstico, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenta reverter o revés sofrido com a rejeição da MP 1303 na Câmara dos Deputados, que afetou o planejamento do Orçamento.
O FMI, por outro lado, trouxe boas notícias ao revisar para cima a projeção de crescimento do PIB brasileiro em 2025, embora espere desaceleração em 2026.
O setor de serviços, um dos motores da economia, também registrou novo recorde em agosto, demonstrando resiliência mesmo com juros elevados.
Petrobras e bancos pesam sobre o Ibovespa
A Petrobras (PETR4) contribuiu para o desempenho negativo do índice, caindo 0,69% após novas exigências do Ibama relacionadas à perfuração na Bacia da Foz do Amazonas.
Entre os bancos, o desempenho foi misto:
- Banco do Brasil (BBAS3) recuou 0,86%,
- Santander (SANB11) caiu 1,05%,
- Bradesco (BBDC4) avançou 1,42%, e
- Itaú Unibanco (ITUB4) subiu 0,43%.
A Vale (VALE3) ficou estável após operar o dia todo em alta, enquanto Embraer (EMBR3) decolou 4,89% com forte demanda.
Outros destaques incluíram Gol (GOLL54), com alta de 2,36% após anunciar planos de saída da B3, Guararapes (GUAR3), que subiu 0,32%, e Banco Pan (BPAN4), que disparou 26,49% após proposta de incorporação de ações.
Expectativas para a quarta-feira
O mercado volta as atenções para os dados do varejo brasileiro, que serão divulgados nesta quarta (15). A previsão é de leve retração da atividade, mas, diante da instabilidade recente, qualquer surpresa pode mudar o humor dos investidores.