Por Laura Kotscho
O Senado encerrou oficialmente a tramitação da chamada PEC da Blindagem no último dia 24 de setembro. A decisão partiu do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), que determinou o arquivamento da proposta logo após sua rejeição unânime pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
A proposta havia sido aprovada na Câmara dos Deputados em 16 de setembro, por ampla maioria: foram 344 votos a favor e 133 contrários. O texto previa que o Supremo Tribunal Federal (STF) só poderia abrir investigações contra parlamentares com autorização do próprio Congresso.
Por esse motivo, a medida ganhou nas redes sociais apelidos como “PEC da Impunidade” e “PEC da Bandidagem”, e gerou forte reação popular. A rejeição à proposta mobilizou manifestações em todo o país no dia 21 de setembro, com protestos em todas as capitais. do Brasil Diante da pressão, o Senado decidiu enterrar o texto.
O ICL Notícias dá continuidade à série que relembra os parlamentares que votaram a favor da proposta na Câmara. O sexto nome da lista é o Delegado Éder Mauro (PL-PA).
Éder Mauro (PL-PA)
Éder Mauro está em seu terceiro mandato na Câmara dos Deputados como um dos representantes do Pará. Mas antes de entrar para política – e proferir absurdos em pleno Congresso Nacional -, o deputado exerceu o cargo de delegado da Polícia Civil do estado. Ele ficou na corporação por 30 anos e, durante esse período, acumulou 101 denúncias na ouvidoria, com acusações de assassinatos, torturas e invasões a domicílio (tudo no plural).
Em 2014, resolveu mudar de profissão e entrar para a política. No mesmo ano, foi eleito deputado federal pelo PSD e, em 2018, reeleito pelo mesmo partido. Nesse meio tempo, se lançou candidato a prefeito de Belém em 2016, mas não deu certo. Depois, em 2024 tentou de novo, mas foi derrotado.
Em 2022, resolveu mudar para uma legenda que combinasse mais com sua postura e seus ideais e continuou no Congresso Nacional.
Isso porque o bolsonarista de 64 anos nem esconde o orgulho de ter matado muita gente. Em 2020, em meio à uma sessão que recebia o então ministro da Justiça, Sergio Moro, Éder Mauro bateu no peito e assumiu: “Matei mesmo”. Mas calma, ele fez uma ressalva: “Eram todos bandidos!”. Agora sim, justificado…
Essa não foi a primeira vez que o Delegado demonstrou desrespeito à vida alheia. Em 2024, o parlamentar se envolveu em uma confusão com deputadas do PSOL, e gritou: “Marielle acabou, porra!” – isso em plena Comissão de Direitos Humanos. Ironia escancarada. O deputado estava se referindo à vereadora carioca, Marielle Franco, assassinada em março de 2018.
Éder Mauro fazendo campanha para a reeleição de Jair Bolsonaro em 2022
Éder Mauro também também tem crimes como transfobia em seu currículo. Em 2023, o Ministério Público Federal abriu um inquérito para apurar a divulgação de um evento em Belém, promovido pelo deputado. O MPF entendeu que “as peças de divulgação do evento estampavam frase discriminatória a crianças e pessoas transgênero”.
Em 2025, mais um caso. Dessa vez, o alvo foi a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). Na época, Erika denunciou que teve sua identidade de gênero desrespeitada durante a emissão de um visto diplomático para os Estados Unidos. Éder Mauro, então, comentou: “O chassi não bateu?”.
Pra finalizar a lista de absurdos com chave de ouro, no dia 7 de setembro de 2022, o deputado federal, na época candidato, à reeleição começou seu discurso dizendo que, caso a esquerda voltasse ao poder, o incesto seria legalizado. A justificativa do Delegado: “para que o pai possa casar com a filha”.
Hoje, Éder Mauro continua exercendo seu cargo como deputado na Câmara dos Deputados.
Veja outros deputados relembrados pela série:
- Gustavo Gayer (PL-GO)
- Nikolas Ferreira (PL-MG)
- Bia Kicis (PL-DF)
- Arthur Lira (PP-AL)
- André Fernandes (PL-CE)