Por Brasil de Fato
No terceiro dia do acordo de cessar-fogo em vigor, carregamentos de ajuda humanitária começaram a entrar na Faixa de Gaza neste domingo (12) com a expectativa do fim da guerra. São esperados 600 caminhões por dia, segundo a agência militar israelense Cogat.
O envio dos mantimentos foi enfim autorizado por Israel, que vinha impedindo a entrada assistência humanitária no território, após a confirmação de que os reféns devem começar a ser soltos nesta segunda-feira (13).
Autoridades internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam para um quadro de fome generalizada em Gaza devido ao cerco israelense. Cerca 227 pessoas morreram de fome na Palestina, segundo o Ministério da Saúde, das quais 103 eram crianças.
Após dois anos do genocídio em Gaza, o acordo para o fim da guerra deixou um rastro de crise humanitária e profundas incertezas políticas sobre o processo. Meio milhão de palestinos obrigados a deixarem suas casas retornaram à cidade de Gaza, segundo porta-voz da Defesa Civil local. Moradores relataram à agência internacional AFP um cenário desolador e de destruição.
“Só rezo para que [minha casa] não tenha sido destruída. Só esperamos que a guerra acabe de uma vez por todas, para não termos que fugir nunca mais”, disse Mohamed Mortaja, de 39 anos, à AFP enquanto se dirigia para sua casa em Khan Yunis, no sul de Gaza.
Cessar-fogo será debatido em uma cúpula no Egito nesta segunda (13), com participação de Donald Trump e líderes europeus
Cúpula no Egito
A implementação da primeira fase do cessar-fogo em Gaza será tema de uma cúpula na cidade de Sharm El-Sheikh, no Egito, nesta segunda-feira (13), com a presença do presidente norte-americano, Donald Trump. Líderes de mais de 20 países são aguardados no encontro.
Entre eles o presidente da França, Emmanuel Macron; o chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez; o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer; e primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também estará presente.
Trump e o presidente do Egito, Abdel Fattah Al Sisi, vão presidir a cúpula. Neste domingo (12), o porta-voz do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu informou à AFP que nenhuma autoridade israelense vai comparecer à reunião.
Impasses
A liberação de prisioneiros do Hamas e de Israel é um dos pontos cruciais do acordo de paz proposto por Trump. Israel informou que cerca de 250 palestinos começaram a ser transferidos para prisões próximas da fronteira com o Egito para facilitar a logística das trocas.
Neste primeiro momento, o acordo prevê a troca por 48 israelenses mantidos em Gaza. Há expectativa de que a operação seja concretizada na segunda-feira (13), com a chegada de reféns em território israelense.
Outro ponto de tensão é a exigência de desarmamento do Hamas. O grupo afirmou que não vai se desarmar completamente e que entregará os equipamentos que detém para autoridades militares da Palestina, quando elas forem determinadas.