O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, confirmou nesta quinta-feira (9) que Washington oferecerá um apoio financeiro expressivo à Argentina, que enfrenta dificuldades para conter a desvalorização de sua moeda.
Segundo Bessent, os EUA firmaram um acordo de swap cambial de US$ 20 bilhões com o Banco Central da Argentina (BCRA). Além disso, o Tesouro americano realizou a compra direta de pesos argentinos, uma iniciativa incomum e que não era vista há décadas na política financeira dos Estados Unidos.
O swap cambial é um acordo de troca temporária de moedas entre dois países, utilizado para fortalecer as reservas internacionais e dar mais estabilidade à economia doméstica. Em essência, esse mecanismo permite acesso a moeda estrangeira sem a necessidade de contrair empréstimos convencionais. No caso da Argentina, a operação serve como alívio para a falta de dólares nas reservas do país.
“O Tesouro dos EUA está preparado, imediatamente, para tomar quaisquer medidas excepcionais que sejam necessárias para proporcionar estabilidade aos mercados”, afirmou Bessent em publicação nas redes sociais.
O anúncio ocorre após dias de reuniões entre a equipe econômica argentina e autoridades americanas, incluindo o ministro da Economia, Luis Caputo, e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva.
Bessent destacou que Caputo informou sobre a “estreita coordenação com o FMI” a respeito das metas e compromissos assumidos pelo país no âmbito do programa de assistência da instituição.
Para EUA, políticas econômicas da Argentina ‘são sólidas’
O secretário do Tesouro ainda afirmou que, quando acompanhadas de disciplina fiscal, as políticas econômicas adotadas pela Argentina “são sólidas”. Ele também mencionou que o governo americano discute possíveis incentivos para empresas dos EUA interessadas em investir no país, reforçando o apoio à recuperação econômica argentina.
O presidente argentino, Javier Milei, enfrenta forte crise política, com reflexos negativos nos mercados. O país vem enfrentando pressões intensas no câmbio e na inflação, com dificuldades em manter a estabilidade econômica e honrar compromissos externos.
O apoio americano, somado à atuação do FMI, pode aliviar temporariamente a crise, mas especialistas alertam que a sustentação a longo prazo dependerá da capacidade do país de manter ajustes fiscais e credibilidade junto aos investidores.
Banda cambial e reação do mercado
Antes do anúncio, havia especulação de que Washington poderia pressionar Buenos Aires a adotar um câmbio totalmente flutuante. No entanto, Bessent afirmou que a atual banda cambial argentina segue adequada.
A notícia provocou reação imediata nos mercados:
- Títulos argentinos em dólar registraram alta de até 4 centavos, alcançando os maiores níveis da sessão.
- O peso argentino, que havia iniciado o dia em queda de 2,7%, encerrou com valorização de 0,7% frente ao dólar, impulsionado pela intervenção dos EUA.
