Por Valter Mattos da Costa*
Na política brasileira, a palavra democracia assume sentidos distintos e até contraditórios.
É justamente no debate público que se revelam os projetos de sociedade, as estratégias de poder e as formas como se interpreta a liberdade.
Temos a “democracia socioeconômica progressista”, exemplificada no Brasil pelo PT, que entende que votar não basta. Educação, saúde, moradia e trabalho são condições mínimas para a liberdade real.
O Estado assume protagonismo na redução das desigualdades.
Já a “democracia liberal de centro-direita” (como o fora o PSDB de Mário Covas e FHC) privilegia o mercado, a igualdade formal e a proteção dos direitos individuais.
Reconhece direitos sociais, mas de maneira limitada, aceitando desigualdades como consequência natural da competição econômica.
A chamada “fisiologia política” (típica do Centrão), marcada por práticas de corrupção, troca de favores e alianças oportunistas, corrói qualquer regime democrático.
Ao transformar a política em balcão de negócios, esvazia princípios, distorce valores e bloqueia avanços sociais.
No extremo oposto, a liberdade pregada pelo neofascismo da extrema-direita bolsonarista é excludente.
Em vez de universalizar direitos, promove privilégios para os “iguais”, hostiliza minorias e transforma a política em terreno de perseguição.
A educação básica, sobretudo pública, é essencial para que os jovens estudante – futuros trabalhadores, cidadãos e eleitores — compreendam tais distinções.
Um povo instruído reconhece a diferença entre liberdade como privilégio e liberdade como direito, escolhendo a democracia, mas não se esquecendo dos direitos sociais como um caminho mais justo.
*Professor de história, especialista em história Moderna e contemporânea e mestre em história social, todos pela UFF, doutor em história econômica pela USP e editor da Dissemelhanças Editora