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Trump eleva tarifas sobre madeira e móveis; medida deve impactar setor brasileiro

por Adriana Cardoso
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma nova ordem executiva na segunda-feira (29) impondo tarifas adicionais sobre a importação de madeira e móveis, alegando risco à “segurança nacional”. A medida afeta diretamente o setor moveleiro internacional. O setor moveleiro do Brasil, que já sente os impactos do tarifaço, teme pela nova medida.

As novas tarifas entram em vigor em 14 de outubro e, em alguns casos, devem ser elevadas novamente em janeiro de 2026.

De acordo com o decreto, produtos como madeira bruta e serrada terão tarifa adicional de 10%, enquanto armários de cozinha, gabinetes de banheiro e móveis estofados receberão sobretaxa de 25%.

A partir de 2026, os percentuais subirão para 30% e 50%, respectivamente, para países que não firmarem acordos comerciais específicos com os EUA.

A decisão foi baseada em uma recomendação do secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, que alegou que a dependência de madeira importada coloca em risco cadeias produtivas ligadas à infraestrutura crítica e ao setor de defesa. A medida segue o mesmo caminho de ações anteriores da administração Trump, como as tarifas sobre aço e alumínio impostas sob a Seção 232 da Lei de Comércio de 1974.

Brasil já registra queda nas exportações e demissões por tarifas de Trump

As novas tarifas atingem diretamente países como Canadá — maior fornecedor de madeira aos EUA. Lá, os produtores já enfrentam tarifas combinadas antidumping e compensatórias de cerca de 35%, devido a uma antiga disputa sobre madeira extraída de terras públicas canadenses.

Por sua vez, México e Vietnã vêm se tornando fornecedores crescentes de móveis de madeira para os EUA, após Trump aplicar tarifas de até 25% sobre produtos chineses do setor durante seu primeiro mandato, iniciado em 2018 — alíquotas que desde então subiram para cerca de 55% e agora podem quase dobrar no caso de armários e gabinetes.

No Brasil, dados da Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente) mostram que, entre julho e meados de setembro, cerca de 4 mil demissões foram registradas na indústria madeireira nacional, com quedas de 35% a 50% nas exportações em relação ao mês anterior.

Cândida Cervieri, diretora-executiva da Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), afirmou ao site UOL que a reação dos EUA é desproporcional. “A importação de móveis do Brasil representa 0,7% da balança comercial norte-americana. Não é nosso setor que ameaça a segurança nacional deles”, criticou.

Hoje, aproximadamente 90% da produção brasileira de móveis e madeira está concentrada na região Sul — principalmente nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul — e 50% da produção do setor tinha como destino o mercado norte-americano.

O que foi anunciado

  • Madeira serrada e produtos de madeira macia: Sobretaxa de 10% sobre a já existente
  • Mobiliário estofado de madeira (sofás, cadeiras etc.): Sobretaxa de 25%
  • Armários de cozinha e lavatórios de madeira: Tarifa adicional de 25%
  • Produtos de madeira do Reino Unido: Sobretaxa de 10%
  • Produtos de madeira do Japão: Tarifa fixa de 15%
  • Produtos de madeira da União Europeia: Tarifa fixa de 15%

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