Já fazia tempo que eu não sentia esse gostinho raro: vitória prolongada. O Congresso tratava de estragar qualquer sopro de esperança, mas, dessa vez, vou me dar o direito de celebrar. Porque, apesar de tudo que ainda precisa ser resolvido no Brasil e no mundo, esta semana lavou a alma.
Na segunda, o país acordou com a ressaca das manifestações. Dezenas de milhares de pessoas tomaram as ruas em vinte e sete capitais. Na Avenida Paulista, nem a chuva nem a covardia da Guarda Civil Metropolitana foram capazes de espantar mais de 45 mil vozes contra a “PEC da Bandidagem” e a anistia. Foi bonito de ver. Há muito a esquerda não ocupava as ruas com tanta força – desde os protestos contra a escala 6×1 e, antes disso, contra a infame “PEC do Estuprador”.
Na terça-feira, Lula roubou a cena na ONU. Subiu ao púlpito e entregou um discurso potente, aplaudido cinco vezes em apenas 15 minutos. Nomeou o indizível: o genocídio em Gaza, patrocinado pelos Estados Unidos. Disse alto e claro que o Brasil não se curva diante de ninguém. O resultado? A repercussão de Lula nas redes sociais superou a do próprio presidente americano. Enquanto os bolsonaristas se contorciam tentando vender Trump como gênio da política, ele mesmo passou recibo. Rolou uma química! Sei…
Lula roubou a cena na ONU
Enquanto isso, Eduardo Bolsonaro acumulava derrotas. O presidente da Câmara, Hugo Motta, negou sua indicação como líder da minoria. Para completar, a PGR apresentou denúncia contra ele e o blogueiro Paulo Figueiredo por coação. Mal sabia Eduardo que ainda tomaria uma “escovada” do pai.
A quarta foi o auge. Sob pressão popular, o Senado rejeitou por unanimidade a PEC da Bandidagem. O relator Alessandro Vieira apontou a inconstitucionalidade e sepultou de vez a palhaçada. O recado foi claro: quando o povo ocupa as ruas, as manobras da impunidade não se sustentam.
Na quinta, Bananinha acordou de mau humor. Além da bronca de Jair mandando o filho “calar a boca”, viu a aprovação de Lula disparar e o projeto de anistia perder força, com risco de ser engavetado de vez.
E a sexta trouxe mais um espetáculo: o discurso de Netanyahu esvaziado na ONU, com delegações inteiras de costas ou deixando a sala. Cena simbólica para encerrar uma semana intensa.
O jogo virou. Não é vitória definitiva – a luta continua. Mas não dá para negar: foi uma semana de embates importantes vencidos. Hora de comemorar. Pelo menos hoje, dá para dizer sem medo: esse é o melhor “sextou” dos últimos tempos.