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BC reduz projeção de crescimento do PIB e sinaliza inflação fora da meta

por Adriana Cardoso
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O Banco Central revisou para baixo sua projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para 2025. A estimativa passou de 2,1% para 2%. Também reduziu a estimativa de inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), de 4,9% para 4,8%, que segue, ainda assim, acima do teto da meta perseguida pela autoridade monetária (4,5%). Os dados estão no Relatório de Política Monetária do terceiro trimestre, publicado nesta quinta-feira (25).

A nova previsão indica uma desaceleração em relação ao PIB de 2024, quando, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a economia brasileira cresceu 3,4%. A expectativa de menor expansão este ano já era compartilhada por analistas do setor privado, e reflete um ritmo de atividade mais moderado.

De acordo com o próprio BC, essa desaceleração é necessária para conter pressões inflacionárias e trazer os preços de volta à meta.

No relatório, a autoridade monetária destaca que o chamado “hiato do produto” segue positivo, ou seja, a economia ainda opera acima do seu potencial sem, por ora, gerar inflação excessiva.

PIB menor e juros altos por mais tempo

A queda na projeção de crescimento do PIB acontece em meio à manutenção da taxa básica de juros em patamar elevado. Na reunião deste mês, o Copom (Comitê de Política Monetária) manteve a Selic em 15% ao ano pela segunda vez consecutiva — o maior nível em quase duas décadas.

Apesar de reconhecer o impacto positivo da valorização do real na inflação, o Banco Central mantém o discurso de que os juros devem continuar altos por um período “bastante prolongado”. O mercado já projeta que os cortes só devem começar em 2026.

A posição do BC contrasta com a visão do Ministério da Fazenda. Nesta semana, em entrevista ao ICL Notícias 1ª edição, o ministro Fernando Haddad afirmou que a taxa básica “nem deveria estar no atual patamar”. Segundo ele, há espaço para recuo, mesmo sem comprometer o controle da inflação.

Inflação ainda fora da meta

No mesmo relatório, o Banco Central reduziu levemente sua projeção para o IPCA de 2025, de 4,9% para 4,8%, que segue acima do teto da meta perseguida pela autoridade monetária.

Com o IPCA acima do teto por seis meses consecutivos até junho, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, foi obrigado a enviar uma carta pública ao ministro da Fazenda explicando o descumprimento da meta. Entre os fatores apontados, estão a atividade econômica aquecida, a volatilidade cambial, os custos da energia elétrica e os efeitos de anomalias climáticas.

Para os anos seguintes, o cenário também permanece desafiador: o BC projeta inflação de 3,6% em 2026 e 3,2% em 2027 — ambos os valores ainda acima da meta central de 3%.

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