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Centrão se anima com Tarcísio pela mesma fragilidade política que marcou Bolsonaro

por Felipe Rabioglio
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Por Cleber Lourenço

A movimentação de lideranças do centrão em torno do governador Tarcísio de Freitas não é por acaso. O histórico recente mostra que, sempre que o ocupante do Executivo revela dificuldade de articulação e baixa musculatura partidária, o bloco se fortalece e ocupa espaços que deveriam ser naturalmente da liderança governamental. Foi assim no governo Jair Bolsonaro, que, sem base orgânica e sem disposição para negociar diretamente, terceirizou a governabilidade às emendas do orçamento secreto e às presidências da Câmara e do Senado. O resultado foi um Congresso hipertrofiado, um Executivo refém e um centrão que ditava as condições da sobrevivência política.

Tarcísio, ao que tudo indica, trilha caminho semelhante. A falta de traquejo político já rendeu episódios de recuos sucessivos: da tentativa de acabar com a Secretaria da Pessoa com Deficiência à confusão com livros didáticos, da proposta de transferir a Cracolândia ao abandono da crítica às câmeras corporais da PM. A lista de idas e vindas é longa e sinaliza um governador que, sem articulação própria, prefere recuar quando pressionado por sociedade civil, Judiciário ou Assembleia Legislativa. O padrão é recorrente: primeiro anuncia, depois enfrenta resistência e, por fim, volta atrás.

Nesse vácuo, quem assume o protagonismo é Gilberto Kassab. O secretário de Governo e Relações Institucionais ampliou o poder do PSD, hoje partido com maior capilaridade municipal em São Paulo e controlador do fluxo de emendas e cargos estratégicos. Deputados estaduais, prefeitos e até aliados de direita identificam que a base de sustentação do governo do Estado depende mais de Kassab do que de Tarcísio. Isso alimenta a percepção no centrão de que, com o governador fragilizado, abre-se um espaço para repetir o modelo de submissão que marcou o governo Bolsonaro.

O poder de Kassab funciona como uma espécie de seguro para o bloco, que encontra nele um interlocutor confiável e com experiência de sobra para administrar o varejo político.

Centrão se empolga com Tarcísio de Freitas, um dos motivos podem ser pois governo dele seria campo fértil para o bloco parlamentar operar com liberdade (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

Centrão empolgado com Tarcísio

A empolgação do centrão com Tarcísio, portanto, não se explica apenas por cálculo eleitoral para 2026. Ela nasce da constatação de que um governador frágil e avesso à política tradicional é campo fértil para o bloco parlamentar operar com liberdade, ditar pautas e capturar orçamentos.

Exatamente o cenário em que o centrão prospera. Se com Bolsonaro o centrão se tornou guardião de sua sobrevivência diante de mais de uma centena de pedidos de impeachment, com Tarcísio o raciocínio é parecido: um governante sem partido estruturado, sem base sólida e sem habilidade para compor coalizões se torna dependente de quem sabe negociar. Essa dependência abre as portas para que o centrão recupere a força que teve em Brasília e agora expanda sua influência sobre São Paulo, transformando o governo estadual em mais um território de barganha e poder para o bloco.

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