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Efeito tarifaço: Preço do café deve voltar a subir

por Adriana Cardoso
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Após dois meses de queda, o preço do café moído no varejo brasileiro deve voltar a subir nas próximas semanas, com alta estimada entre 10% e 15%, segundo projeções da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café). Em agosto, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) registrou uma queda de 2,17% nos preços médios, impulsionada pelo pico da colheita — um alívio que durou pouco.

As projeções da Abic indicam que o quilo do café pode retornar aos patamares de dezembro de 2024, quando chegou a R$ 80. A justificativa está no aumento do custo da matéria-prima no campo, já que as indústrias estão pagando mais caro pelo grão. Os preços agrícolas, que vinham recuando desde março, voltaram a subir no início de agosto.

Um dos principais vetores de pressão é o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre o café brasileiro, que provocou alta nas cotações na Bolsa de Nova York — referência mundial para o setor. A expectativa do mercado era de que o café fosse isentado, como ocorreu com o suco de laranja, mas isso não aconteceu.

Com o grão fora da lista de isenções, a perspectiva de redução da oferta nos EUA fez os preços dispararem. Embora o excedente que não for exportado aos EUA deva ser redirecionado para países como os da Europa, a medida não alivia o mercado interno, já que não há aumento da disponibilidade no Brasil.

Cenário global: estoques baixos de café

Além disso, o cenário global é marcado por estoques baixos e seguidas quebras de safra. Desde 2020, países produtores como Brasil, Vietnã e Colômbia enfrentam eventos climáticos extremos — secas e geadas — que impediram a recomposição da produção e das reservas internacionais.

No Brasil, a colheita deste ano ficou aquém das expectativas. Além do volume reduzido, o café colhido apresentou grãos menores e mais leves, o que aumenta o custo por saca.

Levantamentos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP (Escola Superior de Agronomia da Universidade de São Paulo) mostram que o mercado interno de café arábica está oscilando com certa força neste início de setembro.

Diante dessa volatilidade, agentes têm se voltado ao desenvolvimento da safra 2026/27, à espera da retomada das chuvas e do início da floração.

Apesar das adversidades provocadas pelo frio nos últimos meses, especialmente no Cerrado Mineiro, pesquisadores explicam que as plantas em muitas regiões estão em condições melhores que em anos anteriores, o que pode favorecer a recuperação da produção na próxima temporada.

Quanto ao robusta, segundo agentes consultados pelo Cepea, as floradas já começaram no Espírito Santo e em Rondônia, mas de forma irregular, devido à distribuição desigual das chuvas ao longo de agosto e início de setembro.

De modo geral, conforme o Centro de Pesquisas, os fundamentos são de alta de preços: oferta enxuta, redução dos estoques certificados de arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures), efeitos da tarifação norte-americana e postura firme de produtores que ainda aguardam valores mais elevados para negociar.

Resumo do cenário

  • Queda de preços no varejo foi momentânea, puxada pela colheita.
  • Alta entre 10% e 15% é esperada nas próximas semanas.
  • Tarifa dos EUA sobre café brasileiro pressiona cotações internacionais.
  • Estoques globais continuam baixos após quatro anos de safras ruins.
  • Safra brasileira veio menor e com rendimento abaixo do esperado.

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