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15% das brasileiras relatam ter sido estupradas, segundo pesquisa

por Felipe Rabioglio
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Uma pesquisa nacional divulgada nesta terça-feira (30) expôs dados alarmantes sobre a violência sexual contra mulheres no Brasil. O levantamento, realizado pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com o Instituto Locomotiva, aponta que 15% das brasileiras dizem já ter sido estupradas. A maioria dos casos relatados ocorreu ainda na infância: 12% das vítimas tinham até 13 anos quando sofreram o abuso.

O estudo mostra também que o silêncio marca grande parte dessas experiências. Mais da metade das meninas violentadas (57%) não contou a ninguém sobre o crime, e muitas sequer buscaram atendimento em serviços de saúde. Entre as mulheres que sofreram estupro, 8% relataram ter engravidado em decorrência da violência.

A pesquisa ouviu 1.200 pessoas, incluindo 622 mulheres com 16 anos ou mais, em todas as regiões do país, entre 11 e 25 de julho. Os resultados revelam ainda a dimensão social do problema: seis em cada dez brasileiros (59%) afirmam conhecer uma mulher que foi estuprada na infância, e 22% dizem conhecer uma vítima que engravidou após o crime.

O levantamento aponta que 15% das brasileiras dizem já ter sido estupradas. A maioria dos casos relatados ocorreu ainda na infância (Foto: Agência Brasil)

Denúncia do estuprador dificultada

Segundo Marisa Sanematsu, diretora de conteúdo do Instituto Patrícia Galvão, fatores como estigma, culpabilização das vítimas e a proximidade dos agressores — geralmente parentes ou conhecidos — dificultam a denúncia. “Muitas vezes, a família não quer enxergar e muito menos denunciar o agressor, pois isso poderia desestruturar a casa”, explica.

Sanematsu também destacou, que o abusador se aproveita da proximidade com a vítima e da confiança da família para manter o abuso em segredo.

“São vítimas mais fáceis de atacar. O abusador cria momentos a sós com a criança e se aproveita da vulnerabilidade dela, que muitas vezes não entende o que está acontecendo. A menina se torna refém do agressor, pelo afeto, sensação de cumplicidade ou ameaças a ela ou a pessoas de quem gosta.” disse ela.

Outro ponto destacado pelo levantamento é a percepção sobre a maternidade infantil e o aborto legal. Para 96% dos entrevistados, meninas de até 13 anos não têm condições físicas nem emocionais para serem mães. Já sete em cada dez brasileiras afirmaram que gostariam de ter a opção de interromper legalmente uma gestação resultante de estupro.

Falta de informação

O estudo também revela falta de informação sobre os direitos previstos em lei. Apenas 43% da população sabe que o aborto é permitido em casos de estupro, risco de vida para a gestante, estupro de vulnerável e malformação fetal. Além disso, só quatro em cada dez brasileiros sabem que não é necessário boletim de ocorrência para ter acesso ao procedimento. Para 80% dos entrevistados, faltam informações claras sobre o tema.

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