Aproximadamente 120 mil pessoas continuam desalojadas em Cuba após a passagem devastadora do furacão Melissa, que atingiu a costa leste da ilha na última quarta-feira (29). Segundo dados preliminares divulgados pelo Conselho de Defesa Nacional, o órgão máximo de gestão de crises liderado pelo presidente Miguel Díaz-Canel, milhares de famílias seguem abrigadas em centros de evacuação ou na casa de parentes.
O balanço oficial aponta danos em quase 45.300 residências, 461 unidades de saúde, incluindo hospitais e policlínicas, e 1.552 escolas — das quais cerca de 200 já foram reparadas. A província de Granma, no sul do país, foi a mais atingida, especialmente o município de Río Cauto, onde as inundações provocadas pela cheia do maior rio cubano começaram a diminuir nos últimos dias.
O fornecimento de energia elétrica começa a ser restabelecido gradualmente. Em Las Tunas, 94,5% dos consumidores já voltaram a ter eletricidade, mas o avanço em outras regiões afetadas é mais lento. A agricultura também sofreu fortes prejuízos: 78.700 hectares de plantações foram danificados, sendo metade composta por lavouras de banana, uma das principais culturas alimentares do país.
Danos no Caribe e operação de ajuda internacional para as pessoas
Durante sua passagem por Cuba, o Melissa permaneceu sete horas sobre o território como um furacão de categoria 3 na escala Saffir-Simpson, com ventos de até 200 km/h e chuvas que chegaram a 400 milímetros. As tempestades provocaram alagamentos, interrupções no fornecimento de energia e destruição de infraestrutura essencial.
O governo cubano já iniciou a distribuição de alimentos e suprimentos, alcançando 181 mil pessoas até o momento. O objetivo é atender 900 mil cidadãos nas regiões mais afetadas.
Segundo estimativas da ONU, cerca de seis milhões de pessoas foram impactadas pela passagem do Melissa pelo Caribe. O Programa Alimentar Mundial (PAM) também intensificou as operações de emergência na região. De Kingston, na Jamaica, o porta-voz Alexis Masciarelli afirmou que “a prioridade é chegar às zonas mais isoladas”.
Na Jamaica, o PAM já distribuiu kits de alimentos a 1.500 famílias e pretende atender 200 mil pessoas nos próximos dias. No Haiti, país mais afetado em número de vítimas, 12.700 pessoas já receberam ajuda, e a meta é alcançar 190 mil em duas semanas.
Para ampliar a resposta humanitária, o programa lançou um apelo de 74 milhões de dólares (cerca de 400 milhões de reais) destinado a 1,1 milhão de pessoas em toda a região caribenha. O órgão da ONU alerta, no entanto, que os recursos podem ser insuficientes diante da dimensão da catástrofe.